AUDIÊNCIA DE UM — 19/05/2024

“Nada a provar, ganhar ou perder”. Noto ser, este, o grande mote existencial dos grandes. Óbvio, sem a arrogância e prepotência implicadas numa leitura isolada, fria e sem referencial. As melhores pessoas que conheci pareciam viver numa espécie de realidade paralela em que ganhar e perder eram quase que mesma coisa. Ora, repito, não isoladamente; todas orbitando em volta do mesmo referente: A audiência de Um.

Em tumbas desafloradas e não visitadas, descansam aqueles que perceberam que, no fim, importa viver diante de Um. A vida só tem significado pleno quando o palco da existência humana acontece Coram Deo. Sucesso, honrarias, insultos e zombarias ressoam na mesma frequência para aqueles que notaram-se completamente imersos no teatro divino.

Entronar o ego com vitórias gloriosas ou destroná-lo com frustrantes derrotas estão equidistante quando postos diante da audiência de Um. Viver fielmente por um só Olhar é tornar o coração capaz de responder com igual alegria e gratidão às duas faces da moeda, livre de ressentimentos e indiferenças, na certeza de que um só sorriso de Deus basta para oxigenar alvéolos, dar fôlego à alma e gerar deleite e propósito na vida.

No fim, talvez a ‘grandeza do grande’ seja sequer saber que o é — na verdade, sequer pensar sobre; talvez seja estar ocupado diante d’uma grandeza maior e mais celeste capaz de iluminar e transcender cada partícula da realidade do momento presente — seja ela boa ou má.

Talvez ganhar seja nem se dar por conta que ganhou.