SANTA REVOLUÇÃO — 02/06/2021

Gabriel Rodrigues
1 min readJun 3, 2021

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Arte: Clairton Plumes, oil on canvas, 1960 — Ron Donoughe

Maldito coração fabricante!
Máquina de deuses de areia,
à própria imagem semelhante.
Maldito!
Incansável labor;
Operário em tempo integral.
Carente produção!
Peças, peças e mais peças;
Além de infiel, a confecção é paradoxal:
o medo não a pára;
antes, a motiva!
Peças, peças e mais peças;
Maldito!
Cegado pelas próprias placas de metal!
Entre fordismos e toyotismos,
a fábrica de ídolos aparenta-se insaciável.
À todo vapor,
diariamente aumentando seu acervo.
“Período Industrial? Época de ouro!”, dizem.
Mas se tratando de ouro, o maldito tem sua “peça favorita”:
Bezerro!
Covarde e autorreferente.
Maldito!
Egoísta patologia;
Chagas de doente.
Urgência!
Falência!
Santa Revolução!
Realmente,
a insaciedade era aparente.
Bendito!
O vazio tem Teu tamanho;
Para Ti criaste-me;
Em Ti me saciarei.
Quanto à máquina?
O Pároco me ensinou:
Não sei.
Mas Tu sabes,
e isto basta!
Confio, ouço e sigo.
Bendito direcionamento;
Bendita Providência!
Bendigo a Ti,
ó Bendito Industrial.
Bendito sejas!

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